Os comerciantes e vendedores ambulantes de Ouro Preto aguardam o Carnaval de 2025 com diferentes expectativas.

O Carnaval de Ouro Preto, que terá início no dia 27 de fevereiro e vai até 4 de março de 2025, é um dos maiores eventos da região, atraindo turistas de todo o Brasil e do mundo. A edição deste ano contará com 61 blocos de rua confirmados na programação, oferecendo cultura e tradição local. Segundo Felipe Xavier, diretor de interlocução dos órgãos turísticos de Ouro Preto, a expectativa é que a cidade receba cerca de 70 mil foliões. Para os comerciantes de bebidas e comidas, esse período se tornou uma chance de alavancar vendas, movimentando o comércio e garantindo uma estabilidade financeira.
Miltes Barbosa é empreendedora no ramo de culinária e bares na cidade há 28 anos. Ela tem um restaurante que leva seu próprio nome, no bairro Antônio Dias, e conta que o período em que mais lucra é no feriado de carnaval. “O Carnaval é o período mais rentável, seguido pelo Festival de Inverno. Por trazer muitos turistas, o fluxo é bem mais intenso, gerando mais vendas”, afirma a empresária. Apesar disso, Miltes reclama que o carnaval da cidade já foi maior e “perdeu parte do seu brilho” devido à queda do fluxo de turistas na região, impactando as suas expectativas de lucro para este ano.
No entanto, nem todos os comércios compartilham da mesma visão otimista. Roberto José, gerente e garçom do restaurante Jacubas, que também está localizado no bairro Antônio Dias, trabalha há mais de 20 anos no comércio e conta que o carnaval não tem tanto impacto para o restaurante, pois atualmente os foliões preferem fazer as refeições pela rua.
Fabiana de Cássia é vendedora ambulante há 15 anos em Ouro Preto e, para este Carnaval, não tem grandes expectativas de aumento nas vendas. Pelo contrário, Fabiana acredita que o movimento será bem abaixo do esperado. Ela conta que, após dois anos trabalhando como ambulante, o movimento era tão bom que conseguiu comprar um carro com o dinheiro arrecadado. Atualmente, ela afirma que os valores recebidos trazem uma pequena estabilidade de renda. “Com esse dinheiro eu me garanto por uns três meses”, diz a vendedora.
Ela reclama que, neste ano, a programação aberta ao público é pouco atrativa para turistas, e que isso impactará diretamente a sua margem de lucro. Sem grandes expectativas, ela menciona que o carnaval em Ouro Preto “não teve divulgação e não tem uma banda de peso”, reforçando o impacto do feriado para o comércio informal.
Os desafios para os vendedores ambulantes
Durante o Carnaval de Ouro Preto, os ambulantes enfrentam desafios como o transporte de material e a organização de estoque. As ruas lotadas de foliões dificultam a locomoção, exigindo mais esforço físico de quem carrega as mercadorias. Além disso, a falta de espaço para o armazenamento dos estoques dificulta ainda mais a logística. “O grande desafio é dividir os espaços com vários ambulantes e barraqueiros, incluindo os comerciantes que já tem seu comércio fluído”, diz Diva Silva, vendedora ambulante.
Para trabalhar legalmente e garantir a segurança e qualidade dos produtos, é necessário que os vendedores de rua paguem uma taxa de R$ 123,88 para obter a licença que autoriza o uso do espaço público.
Diva Silva é vendedora ambulante desde 2004 e nos primeiros anos trabalhava nas barracas, com a venda de comidas e bebidas. No entanto, a vigilância sanitária passou a restringir alguns dos alimentos que mais geravam lucro para ela, como macarrão na chapa e tropeiro. Esse corte foi devido à falta de torneiras e tanques nas barracas, que asseguram a higiene adequada. Atualmente, Diva deixou de trabalhar com barracas e se concentra somente na venda de bebidas. Ela explica que, embora ainda seja um trabalho produtivo, “é muito cansativo e tiraram muitas opções de alimentação que nos deram muitos lucros, aí fica difícil.”

O impacto econômico na cidade
Chrystian Mendes, professor de economia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), diz que o efeito econômico do carnaval na cidade de Ouro Preto é de extrema importância. “O carnaval afeta não somente nas alimentações e bebidas, mas também no setor hoteleiro. Ele pode chegar a movimentar quase 50 milhões de reais para população ouro-pretana”, afirma o economista.
Na percepção do professor, as taxas de licenciamento acabam pesando um pouco nos bolsos dos vendedores ambulantes, mas é necessário para que todos possam trabalhar da melhor maneira.
Carlos Eduardo Gama, também professor de economia na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), acredita que o carnaval é importante para a estabilidade econômica, pois “é uma data com vários fluxos de turistas, que ajuda a sustentar o setor turístico nas épocas de baixas demandas.” Gama ressalta a importância da movimentação do turismo para a economia ao longo do ano. Segundo ele, essas épocas garantem empregos temporários e fortalecem a economia local, gerando uma fonte de renda importante para vários setores.
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