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Izabela Gonçalves e Livia Salles

Longo prazo para alguns, imediato para outros

Projeto de Expansão da Samarco inclui empilhamento de rejeitos próximo aos distritos de Camargos e Bento Rodrigues, em Mariana


Ouça o podcast para compreender a visão da comunidade sobre a expansão da Samarco e entender os bastidores políticos dessa decisão que pode impactar diretamente no turismo, cotidiano e futuro da cidade de Mariana. 

Por: Izabela Gonçalves e Livia Salles 


Depois de nove anos do rompimento da barragem de Fundão, a mineradora Samarco, uma das responsáveis pelo crime, espera a liberação de seu projeto de expansão na cidade de Mariana. O “Projeto de Longo Prazo” da empresa pretende aumentar a capacidade de produção, que hoje está em 26%, para 100% até 2042. 


Camargos 

O pequeno distrito localizado a 116 km do centro de Mariana é um dos vilarejos cortados pela Rota da Estrada Real. Além disso, é também rota de trilhas de pedal. Depois do rompimento da barragem de Fundão, em 2015, o distrito sofreu com perdas no turismo e na economia, por ser muito próximo do subdistrito de Bento Rodrigues. No projeto de expansão, a pilha de rejeitos da Samarco ficará a menos de 400 metros da última casa da comunidade de Camargos. 


O restaurante da Vaninha é uma das principais atrações do distrito. Com o Longo Prazo da Samarco, a vista verde das montanhas será substituída pelo cinza da pilha de rejeitos secos da mineradora.



Bento Rodrigues 

O subdistrito de Mariana foi o primeiro a ser atingido pela lama de rejeitos da Samarco, em 2015. Após o crime, os moradores foram obrigados a deixar seu território de origem e foram morar na cidade de Mariana e outros distritos. Ainda com resquícios da tragédia, o “antigo Bento” ainda é local de pertencimento para os moradores. Festas e celebrações religiosas são realizadas no local para mostrar que a comunidade ainda existe e luta, há nove anos, para que seja feita justiça. 


A Fundação Renova, criada para reparar os crimes das mineradoras, declara ter finalizado o reassentamento coletivo “Novo Bento” e, em 2023, declarou já ter concluído 123 imóveis. No entanto, entre moradores do “antigo Bento” ainda há quem sequer foi reconhecido como atingido. Dentre essas pessoas está Marquinhos, nosso entrevistado no Podcast, que não tem previsão de receber sua casa. 



Audiência pública

No dia 19 de agosto aconteceu uma audiência pública para discutir a expansão da Samarco, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A sessão foi realizada a partir de requerimento da deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) e presidida pelo Presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, deputado Tito Torres (PSD)


Na ocasião, as comunidades que serão atingidas pelo projeto ressaltaram a falta de apoio do poder público de Mariana e declararam que não querem que as pilhas de rejeitos sejam instaladas próximas a suas comunidades. 


A partir da Audiência, a deputada Beatriz encaminhou pedido de providências para o Ministério Público, além de solicitar à mineradora Samarco que altere o local das pilhas e ao Conselho de Patrimônio (Compat) que adie a votação até que a comunidade seja ouvida.


A votação que decidirá, em âmbito municipal, sobre a expansão da Samarco já passou pelo poder legislativo, executivo e pelo Conselho de Meio Ambiente (Codema). Agora, cabe ao Compat decidir sobre a liberação do projeto. 



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