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Anavitta, Helena Andrade e Pedro Vieira

Mariana e Ouro Preto estão entre os municípios de Minas Gerais com maior quantidade de focos de incêndio em setembro

Além da destruição da vegetação, os incêndios nas serras da Região dos Inconfidentes trazem impactos ligados à saúde, ao clima e ao solo

#ParaTodosVerem: Quatro bombeiros de Minas Gerais em uniformes laranja combatem um incêndio florestal, usando duas mangueiras para apagar focos de fogo. A cena acontece ao lado de uma cerca, com árvores ao fundo e muita fumaça no ar. Na porção inferior da foto há um pequeno trecho de asfalto, vegetação rasteira e seca. Na porção superior e ocupando a maior parte da imagem, algumas árvores, muita fumaça branca e uma pequena porção de céu no canto superior esquerdo.
Legenda: Corpo de Bombeiros de Ouro faz a contenção do fogo próximo ao Bairro Colina em Mariana dia 1 de setembro | Foto: André Carvalho

As cidades históricas de Mariana e Ouro Preto registraram, apenas nos cinco primeiros dias de setembro, uma quantidade total de 44 focos de incêndio na região, segundo o BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Se comparados os anos 2022 e 2024 até o início do mês de setembro, em Ouro Preto houve um aumento de 553,33% de focos de incêndio. Já em Mariana, o crescimento foi de 2400% -  sobre o ano de 2023 não constam dados no site. Chuva de fuligem, neblina de fumaça e céu acinzentado foram características presentes nos últimos dias nas duas cidades. Esses acontecimentos são consequências diretas da crescente onda de chamas na vegetação da região, que degradam o meio ambiente e trazem diversos impactos para a sociedade.


No período de 1 a 5 de setembro, ainda de acordo com o BDQueimadas, houveram 365 focos de incêndio somente no grupo das 15 cidades que ocupam os primeiros lugares no ranking de municípios com mais incidência desses focos em Minas Gerais, o que significa 25,56% das chamas de todo o estado. Mariana se encontrava no oitavo lugar, já Ouro Preto, no décimo quinto, lembrando que ao todo Minas Gerais possui 853 municípios, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  


Ainda segundo o BDQueimadas, até o fechamento desta matéria (19), Mariana está em 9° lugar entre as cidades com mais focos de incêndio em Minas Gerais. Vale ressaltar que até o dia 13 deste mesmo mês, Mariana passou de 44 focos para, no último dia 19 de setembro, 48. Já Ouro Preto, que já havia caído para a vigésima sétima posição com 23 focos, houve um aumento para 25 focos até a mesma data. Isso mostra o quanto todos os municípios mineiros ainda apresentam um crescimento alarmante dos incêndios, que faz com que o estado de Minas Gerais ocupe a 5° posição com mais focos de incêndios no Brasil. 

 

#ParaTodosVerem: Gráfico em formato de círculo que representa os focos de incêndio nos 5 primeiros dias de setembro, ele mostra pouco mais de 1/4 na cor marrom, que significa os 15 primeiros municípios com mais foco, enquanto ¾ representa os outros municípios na cor cinza.
Mais de ¼ dos focos de incêndio em MG estiveram concentrados em 15 cidades, dentre elas, Mariana e Ouro Preto. O restante, 74,4% de focos, ocorreu nos outros 838 municípios do estado.

Em Mariana ocorreram diversos focos de queima, como na Rodovia dos Inconfidentes e na rodovia MG-62 - perto do Pico da Cartuxa. Em um dos trechos devastados pelo fogo na Rodovia dos Inconfidentes, conhecido como “Trevo da Bateia”, no dia 30 de agosto foi registrado o primeiro e único foco. Um dia depois, 31, um segundo registro de queimadas foi realizado, e que acabou atingindo cerca de 20 hectares, segundo o Corpo de Bombeiros que atuou na contenção das chamas.


Já em Ouro Preto, a situação que mais chamou a atenção foram os nove dias de incêndios no Parque Estadual do Itacolomi. O Parque é uma Unidade de Conservação (UC) estadual, que possui 7.543 hectares, segundo o Instituto Socioambiental da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), e que está localizado entre os dois municípios vizinhos, com quase 70% do seu território localizado em Mariana. De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar de Ouro Preto, o Parque do Itacolomi teve dois combates difíceis. O primeiro ocorreu durante sete dias e queimou cerca de 2.966 hectares, enquanto o segundo foco aconteceu por dois dias e ainda não há levantamento da quantidade de vegetação desmatada.


#ParaTodosVerem: Imagem aérea de um incêndio no Parque Estadual do Itacolomi, registrada em 4 de setembro, por drones. A foto mostra na parte superior uma linha de fogo alto avançando em meio à vegetação, com chamas intensas em laranja e uma densa fumaça cinza se espalhando pelo local.
Foto tirada em 4 de setembro, durante o incêndio no Parque Estadual do Itacolomi. | Foto: Secretaria de Meio Ambiente de Ouro Preto.

O cenário das chamas em ambas cidades preocupa as autoridades da região, tanto que Mariana e Ouro Preto começaram o mês de setembro com iniciativas de emergência. Na primeira segunda-feira do mês, 02, a prefeitura de Mariana  decretou estado de emergência na cidade por 60 dias, devido aos incêndios florestais que se intensificaram na região. O decreto busca aumentar a mobilização dos órgãos municipais, prevê o adiamento de eventos com grandes aglomerações e a contratação emergencial de serviços sem licitação, além de autorizar a entrada de autoridades em propriedades privadas, em caso de risco iminente.


Enquanto isso, em Ouro Preto, o cenário não é tão diferente. No dia 04 de agosto, a Prefeitura da cidade criou um gabinete de crise para atuar nos focos de incêndio da região. Nesta mesma reunião também foi discutida a possibilidade da assinatura de um decreto de situação emergencial nos próximos dias, mas até o fechamento desta reportagem não houve assinatura do documento.


As alterações climáticas bruscas, quando somadas à forte e constante incidência do fogo nessas cidades, vulnerabiliza o ecossistema local e desencadeia uma série de efeitos sobre o meio ambiente e a sociedade. A perda da vegetação, a erosão do solo, a inversão térmica e o aumento de doenças respiratórias, cardiovasculares e neurológicas são alguns dos impactos causados pelos incêndios. Esses problemas trazem à tona debates sobre saúde pública e de preservação do meio ambiente.


Impactos na biodiversidade

Devido ao tempo de estiagem - por conta da ausência de chuvas -, às fortes rajadas de vento e especialmente aos fatores humanos, o fogo encontra o cenário perfeito para se alastrar ainda mais. Quando essa circunstância ocorre de modo desproporcional, ela representa uma perda, tanto para a fauna quanto para a flora. É o que conta o secretário de meio ambiente de Ouro Preto, Chiquinho de Assis: “Traz prejuízos notórios para a fauna e flora, né? É muito triste quando você está combatendo e vê tamanduá, gado do mato, cobra e macacos mortos”, comenta.


Essa problemática em larga escala exprime uma perda para Minas Gerais, em especial, devido à biodiversidade dos seus três biomas predominantes. Segundo a Diretoria de Geociências, Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado possui três biomas: o Cerrado (54%), a Mata Atlântica (40%) e a Caatinga (6%), essa última restrita ao norte do estado.


#ParaTodosVerem: Gráfico em formato de círculo dividido em três biomas presentes em Minas Gerais, no qual 54% representa o Cerrado que está em marrom e está representando quase metade do gráfico.40% a Mata Atlântica em cinza representando 4/10 e os 6% da Caatinga está representada em bege.
Os três biomas predominantes no estado de Minas Gerais

O professor de geografia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Fillipe Tamiozzo, conta que o estado possui duas estações bem distintas, uma caracterizada pela falta de chuvas, conhecida como estiagem, e a outra caracterizada pelos movimentos de massa e maior volume pluviométrico. Ele explica que a destruição da vegetação durante esse período de menor ocorrência de chuvas é causa direta da erosão do solo em épocas de muita ocorrência pluviométrica. Tamiozzo acrescenta que, com a chegada do período chuvoso e sem a proteção devida do solo pela vegetação, isso facilita o escoamento superficial da água, desenvolvendo e acelerando os processos erosivos onde houve destruição da mata pelo fogo.


De acordo com o artigo sobre erosão dos solos, publicado na revista de geomorfologia William Morris Davis, do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual Vale do Acaraú, o processo de erosão é entendido como um agente que causa a degradação dos solos, principalmente por conta da água, que modela o relevo da superfície terrestre. Esse elemento físico atua tanto removendo partículas da superfície quanto gerando movimentos de massa e comprometendo a conservação da terra e da água. Portanto o que se queima agora continua gerando diversos impactos socioambientais e transtornos à população local, inclusive por todos os meses do período  chuvoso, como estradas bloqueadas por queda de encostas, perda de nutrientes necessários às plantações, erosões que danificam rodovias e impedem a circulação de veículos.


O fato da metade do país estar vivendo sua maior estiagem nos últimos 44 anos  agravou ainda mais  a situação, potencializando as condições para uma propagação do fogo mais devastadora que, embora muitas vezes seja resultado de ações criminosas, também encontra na seca um combustível natural. O clima assim, embora não seja responsável pela produção do fogo, intensifica a vulnerabilidade das áreas florestais e urbanas, dificultando o combate aos incêndios. 


#ParaTodosVerem:Foto aérea de um incêndio florestal no Parque Estadual do Itacolomi. Há nuvens de fumaça branca na parte superior da foto que cobrem parte da vegetação já muito escassa na região.Na parte inferior mostra uma área laranja e avermelhada com terra e pouca vegetação. A foto foi tirada por um drone.
Foto tirada em 4 de setembro, durante o incêndio no Parque Estadual do Itacolomi. | Foto: Secretaria de Meio Ambiente de Ouro Preto.

As mudanças climáticas têm desempenhado um papel relevante ao prolongar o período de estiagem, reduzindo a umidade e elevando as temperaturas. Esses fatores não só ampliam o risco de queimadas, como também comprometem o abastecimento de água e a qualidade do ar, gerando impactos para a saúde e a vida da população local. Estamos vendo atualmente o fenômeno das "chuvas pretas", repletas de partículas de fumaça e poluentes, se espalharem pelo país, contaminando solos com uma água imprópria para o consumo.


Em Mariana, moradores têm enfrentado escassez de água em alguns bairros, uma situação agravada pelos recentes incêndios que atingem a região. Com o avanço das queimadas, a captação de água tem sido diretamente prejudicada. Além disso, o aumento das temperaturas e a seca prolongada intensificam a demanda, pressionando ainda mais o sistema de distribuição. Moradores relatam dificuldades no dia a dia, afetando desde tarefas domésticas até o funcionamento de pequenos comércios.


Já em Ouro Preto, o avanço das queimadas também podem prejudicar a dinâmica de distribuição de água. Chiquinho de Assis ressalta que uma das consequências posteriores aos incêndios será uma possível falta de abastecimento na cidade. “Então as pessoas que colocam o fogo não pensam nestes prejuízos, depois na hora que vier a chuva vai carrear todo esse material, essa fuligem vai entupir o sistema de abastecimento de água. A água vai vir turva, vai começar a faltar água. Então as consequências são maiores.”.


#ParaTodosVerem: Foto aérea de um incêndio florestal no Parque Estadual do Itacolomi. Há nuvens de fumaça branca que cobrem parte da vegetação, enquanto focos de fogo com chamas laranjas são visíveis na área verde. A imagem foi tirada de um helicóptero
Fogo avança no Parque Estadual do Itacolomi devastando a vegetação e a fauna local. Dia 4 de setembro. | Foto: Sede do Corpo de Bombeiro em Ouro Preto.

A equipe de repórteres do Lampião foi ao Bairro Piedade, em Ouro Preto, no dia 3 setembro, analisar a situação de um incêndio ao lado do quintal da casa de Aparecida Barbosa, de 56 anos. A moradora contou que o fogo iniciou por volta das 19h e tomou grandes proporções, quase alcançando a sua casa. Devido à situação de emergência, e enquanto aguardavam o corpo de bombeiros, ela, sua família e os vizinhos começaram a jogar água de suas próprias residências. “Tava pegando fogo lá, meus meninos veio juntando água no balde, mangueira. E fora que a água tá caríssima, né? A gente vai ter crise de abastecimento por causa desses fogos aí que tá tendo, a vizinha ali, ela falou que jogou três caixas d'água dela”.   



Moradores do Bairro Piedade, em Ouro Preto, se mobilizam para apagar incêndio na noite do dia 3 de setembro, o que mostra o desespero da população protegendo suas casas, mas não é recomendado pelos riscos assumidos por quem não possui treinamento para essa ação. | Crédito do vídeo: Aparecida Barbosa 


Apesar do esforço dos moradores em relação ao incêndio, é importante destacar que o combate a incêndio deve ser realizado por profissionais treinados e equipados, para evitar riscos e garantir a segurança de todos. Essa situação reforça a necessidade de políticas públicas eficazes tanto para prevenir incêndios, quanto para mitigar os efeitos das mudanças climáticas na região. Demandando medidas emergenciais para garantir o fornecimento regular de água, sem comprometer o combate aos incêndios, além de não impactar a população com o uso, e posterior cobrança na conta de água, de seus reservatórios privados para combater o fogo.


Ameaças à Saúde Pública 

Um dos impactos mais evidentes dos incêndios na região é o aumento dos casos de doenças respiratórias. Com a inalação da fumaça, a população, especialmente grupos mais vulneráveis como crianças e idosos, fica exposta a um ar cada vez mais poluído. Segundo o Secretário de Saúde de Ouro Preto, Leandro Moreira, houve um aumento de 20% de atendimentos relacionados às complicações respiratórias. Com base em nota emitida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no dia 28 de agosto, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) demonstra  preocupação com as perdas da vegetação e com o aumento de atendimentos, o que pressiona ainda mais os serviços de saúde locais. 


Leandro afirma que essa situação abre espaço para o agravamento de diversos tipos de doenças, em especial as respiratórias. “Os principais problemas de saúde registrados em Ouro Preto são relacionados ao sistema respiratório, as condições mais comuns incluem rinite, bronquite, asma e exacerbação das doenças pulmonares crônicas, como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)”. Em regiões como Mariana, onde a qualidade do ar já sofre com a presença das mineradoras - devido à emissão de poeira -, a situação se torna ainda mais crítica.


Graziela Riogia, pneumologista da Santa Casa de Ouro Preto, comenta sobre os impactos das cinzas, da fumaça e do tempo seco para as pessoas. “A maioria das doenças respiratórias provoca uma inflamação dentro do pulmão e aí toda a inflamação pode piorar dependendo de um fator externo. Às vezes a gente consegue ver as cinzas que o pulmão inala neste período de seca e de incêndios e essas cinzas pioram a inflamação que já existe ali dentro. Então, os pacientes que já têm doença respiratória antiga, eles têm que ter mais cuidado."


Graduada em medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a pneumologista enfatiza a questão do cuidado para pessoas com DPOC. Segundo ela, a doença pulmonar obstrutiva crônica é bastante comum na região devido ao tabagismo e à exposição da fumaça vinda do fogão a lenha, além de quem trabalhou em carvoaria e na empresa Alcan, que há muito tempo tem doença respiratória. Riogia ressalta ainda outra prática bem comum na região que pode causar comorbidades: “Muitas pessoas da região trabalham com o pó na fabricação de pedra sabão, que pode desencadear doenças pulmonares, inclusive o DPOC”.


Para lidar com todos os problemas gerados pelos incêndios, o Secretário de Saúde da cidade afirma que o comitê de crise, criado pelo município, está trabalhando em conjunto com o sistema de saúde. “Já realizamos os primeiros encontros para discussão do assunto e a Secretaria de Saúde também participa ativamente na definição de áreas prioritárias para vigilância, além da mobilização de recursos para atendimento emergencial. Estamos em uma construção de um fluxo de comunicação e articulação para que o serviço de saúde seja rapidamente informado sobre os focos de incêndio”. Além disso, ele enfatiza que os funcionários da UPA (Unidade de Pronto Atendimento), de Ouro Preto, estão passando por uma capacitação para melhor atender as múltiplas vítimas das chamas na região. 


Ele ainda recomenda algumas estratégias para reduzir os efeitos a longo prazo da exposição à fumaça tóxica que está ocorrendo. Moreira sugere o uso de máscaras que filtram partículas finas, evitar atividades físicas ao ar livre quando a concentração de fumaça estiver alta e para pessoas que possuem alguma complicação respiratória grave, se atentar ao agravamento do quadro para buscar atendimento médico imediato. O secretário também destaca que: “Em dias com alta concentração de fumaça é importante manter a hidratação e a alimentação saudável. Consumir alimentos ricos em antioxidantes para ajudar a proteger o organismo”. 


Políticas de combate ao fogo

Apesar dos incêndios em grande massa trazerem diversas consequências diretas para o dia a dia das pessoas, nem sempre as chamas nas vegetações significam problemas. A exemplo de práticas de queimas para manejo de agricultura em áreas rurais e a utilização do fogo controlado em comunidades tradicionais e povos originários. 


A partir desses tipos benéficos de manejo com o fogo na manutenção da vegetação e da necessidade do estabelecimento de diretrizes para o seu uso em áreas rurais, surgiu a Lei 14.944/24. Aprovada no Senado no dia 31 de julho, ela estabelece a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo e define diretrizes para o uso desse recurso em áreas rurais, com foco na sustentabilidade e na proteção da biodiversidade. A norma modifica o Código Florestal e a Lei dos Crimes Ambientais e visa criar um modelo de planejamento e gestão que envolva aspectos ecológicos, culturais, socioeconômicos e técnicos nas ações relacionadas ao uso de queimas controladas. Isso ocorre com o objetivo de reduzir as emissões de partículas e gases de efeito estufa, atuar na conservação da biodiversidade e na redução dos impactos relacionados a incêndios florestais.


Chiquinho conta que a política de combate a incêndios florestais em Ouro Preto acontece em rede, quando se inicia um foco de chamas, várias instituições e grupos se mobilizam. O Corpo de Bombeiros geralmente é a principal força responsável, que conta com o apoio de brigadas especializadas, como a equipe da Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (AMDA) e as brigadas Carcará,  B1 e CSN. Fazem também parte dessa rede organizações não governamentais, como o Instituto Habitat, além da Polícia Militar, que ajuda no combate como pode. 


#ParaTodosVerem: Na foto, vemos um grupo de pessoas, composto principalmente por bombeiros e equipes de brigadistas, reunidos em frente a um helicóptero, para o combate conjunto ao incêndio no parque do Itacolomi. A foto mostra uniformes coloridos das equipes reunidas para foto..
O corpo de bombeiros, equipe de Brigadistas (AMDA, Carcará, B1, CSN e Instituto Habitat) e outros órgãos públicos que combateram o incêndio no Parque Estadual do Itacolomi, dia 29 de agosto. | Foto: Corpo de Bombeiros.

Segundo o secretário, a cidade possui um plano de contingência, associado à prevenção e ao planejamento. “A gente sabe quais empresas têm brigadas, a exemplo da Vale, Samarco e SETEC. A gente tem tudo mapeado, outro exemplo é quem tem caminhão pipa com mangueira”. A partir daí, o Setor de Comando Operacional (SCO) é criado, dirigido pelos bombeiros militares e integra as brigadas acionadas para o combate. 


Segundo o  tenente Leandro Carvalho, da sede do Corpo de Bombeiros de Ouro Preto, a maior dificuldade no combate é a ocorrência simultânea de incêndios criminosos. Além disso, ele ainda destaca a dificuldade de processar e prender os responsáveis por iniciarem os incêndios. Para Carvalho a dificuldade não é o planejamento e a nem gestão. “A nossa dificuldade é coibir e prender essas pessoas que causam esses focos de incêndio. Nos últimos dias a gente teve vários incêndios descentralizados. Se eu tiver vários incêndios ocorrendo, vou ter que priorizar para onde eu vou mandar as equipes e quanto mais locais queimando eu tenho, mais difícil se torna o combate”, enfatiza.


Leandro ainda comenta sobre as políticas de prevenção que são realizadas pelo corpo de bombeiros em parceria com a Prefeitura Municipal. Ele explica que existe uma fiscalização que é realizada antes da época de estiagem e, quando o terreno está próximo a uma área de preservação esse monitoramento é feito com mais frequência. “Lá para fevereiro e março a gente começa a fazer fiscalizações nesses lotes vagos, identificando por meio de satélite e estatísticas, os que queimam com mais frequência. A gente faz a fiscalização e com apoio da prefeitura de Ouro Preto e dos outros municípios, a gente encaminha essa documentação para que eles (a Prefeitura Municipal) possam adotar a postura de multar ou de notificar o proprietário”.


Sabe-se que a sede do Corpo de bombeiros em Ouro Preto atua em diversos municípios da região, em Mariana, Itabirito, Diogo de Vasconcelos e Catas Altas. Em Mariana, por exemplo, há um posto avançado que é comandado pela Companhia de Bombeiros de Ouro Preto. Além do Corpo de Bombeiros houve o combate conjunto ao fogo com a Secretária Adjunta de Serviços Urbanos (SASU) e caminhões pipa cedidos pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE). Também fazem parte do combate direto o Instituto Habitat da Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente.


A condição precária de Mariana

Apesar de toda a mobilização do município para conter todo o desastre do fogo em Mariana, o prefeito de Mariana, Celso Cotta - durante a coletiva de imprensa realizada em 3 de setembro para apresentar os planos de combate aos incêndios - dividiu a responsabilidade do poder executivo municipal  de combate aos incêndios com a população marianense. Cotta disse o seguinte: “Por que a comunidade não se juntou e apagou o fogo naquele momento? As coisas podem ser atenuadas com mais um pouco de ajuda das pessoas”. Nessa fala, o prefeito imprime parte da função da contenção do fogo à comunidade, que não tem nenhuma instrução e equipamento para realizar essa operação, trazendo riscos à vida das pessoas.


Em contrapartida, o Secretário de Meio Ambiente de Ouro Preto enfatiza que é imprescindível o preparo para combater o fogo. “O Corpo de Bombeiros Militar e os Brigadistas são as pessoas autorizadas a ir para o campo combater. Então primeiro recado pro cidadão, ninguém combate fogo sem preparação, ninguém vai para o fogo sem avisar o comando, né?”. Ele ainda reforça que as queimadas são combatidas em conjunto, a rede de combate precisa ser acionada.  “O fogo é um negócio muito sério, você só combate ele de forma organizada com o comando operacional”. Disque 193, para entrar em contato com o Corpo de Bombeiro em caso de incêndio. 


Até o fechamento desta matéria, a equipe de repórteres do Lampião tentou inúmeras vezes estabelecer contato com a Prefeitura de Mariana, porém não obtivemos resposta. Tentamos também pelos telefones e emails oficiais da Prefeitura e do posto avançado do Corpo de Bombeiros da cidade, mas nenhum desses contatos foi sequer atendido. 


Referências

Davis, W. M. (2023). Erosão dos solos, diferentes abordagens e técnicas aplicadas em voçorocas e erosão em trilhas. Revista de Geomorfologia, v. 5, ed. 2, 76-117. Disponível em: https://williammorrisdavis.uvanet.br/index.php/revistageomorfologia.




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