Muito mais que futebol: o União São Bento e a resistência de uma comunidade

Mesmo quase 10 anos depois do rompimento, o União São Bento ainda segue sem um campo para chamar de casa e faz seus jogos em Mariana. | Foto: Well Ferreira

Eduardo Galeano, em seu livro "Fechado por Motivo de Futebol", destaca que o futebol é uma linguagem universal, capaz de traduzir realidades concretas, lutas e a superação de adversidades. Essa ideia se materializa na história do União São Bento, time do distrito de Bento Rodrigues, atingido pelo rompimento da barragem do Fundão em 2015.

Antes do crime ambiental, considerado a maior catástrofe ambiental na história do Brasil e marcado como o maior rompimento do mundo envolvendo barragens de rejeitos de mineração, a equipe disputava grande parte de seus jogos no campo local, que ia muito além de um simples espaço esportivo e era um ponto de encontro para a comunidade. Os domingos de futebol reuniam moradores, que vibravam por amigos e familiares dentro de campo e prolongavam a festa nas resenhas pós-jogo nos bares do distrito.

Com o rompimento, tudo mudou. O time, assim como os moradores, foi forçado a deixar Bento Rodrigues e a se adaptar a novas realidades. Atualmente, as partidas acontecem em diferentes locais, muitas vezes na cidade sede de Mariana. Mesmo sem uma sede fixa para chamar de sua, o União São Bento resiste como um símbolo de identidade e pertencimento, mantendo viva a tradição que o futebol sempre representou para a comunidade.

Como parte do acordo para a construção do novo Bento Rodrigues, a Fundação Renova, responsável pelo reassentamento, está construindo um campo de futebol com padrão FIFA. Segundo a própria empresa, a previsão é de que o espaço fique pronto ainda em 2025. A novidade já gera expectativas entre os membros da equipe, que esperam voltar a jogar com o apoio de seus amigos e familiares.

Confira o episódio na íntegra pelo Spotify do Lampião: