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Arthur Xavier e Francisco Leite

Obra de esgotamento do Rio do Carmo promete melhorias na saúde para os marianenses.

O projeto, com previsão de conclusão até 2027, visa melhorar o saneamento básico e cumprir com políticas públicas de saúde.


As obras de esgotamento sanitário em Mariana, Minas Gerais, prometem transformar a qualidade de vida de milhares de moradores. O projeto, conduzido pelo Serviço Autônomo de Água de esgoto (SAAE) em parceria com a R&R Engenharia, está em execução nos bairros Centro, Chácara, Vale Verde, Colina e Dandara, e inclui a instalação de redes coletoras e a construção de uma estação de tratamento de esgoto. Essas intervenções representam um marco na cidade que, por anos, enfrentou desafios relacionados à infraestrutura sanitária precária. 

Além da preservação ambiental, o saneamento básico desempenha um papel central na saúde pública, reduzindo a incidência de doenças infecciosas  e promovendo o bem-estar.


#PraTodosVerem Homens trabalham na manutenção da estação de tratamento do esgoto, utilizando um trator de cor amarela ao centro da imagem.
Tubulações sendo instaladas no Rio do Carmo | Foto: Arthur Xavier

Os desafios das obras e a visão das Instituições


A implantação do sistema de esgotamento sanitário em Mariana foi dividida em duas etapas: primeiro, a construção das redes coletoras nos bairros e, em seguida, a estação de tratamento. Segundo a SAAE, a previsão é de que todo o sistema esteja funcionando até o final de 2027.

Apesar dos avanços, os transtornos causados pelas obras têm gerado insatisfação entre os moradores. E a população acredita ter ficado sem água por conta das escavações no rio, onde, afirmam que não foram avisados sobre o início das obras,  e só perceberam por conta do barulho na parte da manhã. “Mas sei que essa obra é necessária e espero que resolva nosso problema principalmente em relação ao mal cheiro e bichos que aparecem” comentou o professor e  morador do Centro, Rafael Ventura. 

De acordo com a bióloga da SAAE, Isabel Reis, a atual situação do Rio do Carmo pode ser relacionada com a contaminação de seu corpo hídrico com algumas doenças, como hepatite A e gastroenterite, que têm a rota fecal-oral como principal meio de transmissão.


“Quando a gente tem uma água contaminada por fezes, vai ter uma população muito grande de microrganismos, podendo encontrar protozoários, vírus, bactérias e vermes nessa água. E essa água poderá veicular vários tipos de doenças. Outra forma de contaminação pode ocorrer pelo contato dérmico. Na região de Mariana e Ouro preto a gente vai ter uma grande quantidade de incidência de esquistossomose’’.


Ela ainda afirma que, ao descontaminar esse corpo hídrico, tem condições de reduzir a ocorrência não só da esquistossomose, mas também de outras doenças, como a ancilostomíase, que estão relacionadas com o contato com a pele.

Além das obras, há um programa de monitoramento do corpo hídrico para medir o Índice de Qualidade da Água (IQA), que consiste numa metodologia para averiguar a qualidade hídrica em diferentes pontos do rio, a partir da medição de suas características físicas, químicas e biológicas. Dessa forma, é possível avaliar o nível de descontaminação do rio antes da obra e após a ação dos interceptores, que são uma canalização responsável por transportar o esgoto sanitário.


#PraTodosVerem Tubulações e pedras à beira do Rio do Carmo, moradias ao redor, vegetação predominante verde e água do rio com a cor marrom.
Corpo hídrico e trajeto do Rio do Carmo | Foto: Arthur Xavier

Saúde: benefícios e mudanças esperadas


Remo Almeida, diretor do SAAE, afirma que diretamente a população vai perceber uma diminuição em casos de doenças gastrointestinais. “O número de alunos que deixam de ir à aula em Mariana é um pouco alto, devido à insuficiência do saneamento básico. Então a gente vai perceber sim uma melhora nesses números”, exemplifica Remo.

Outro desafio em Mariana é a presença de Achatina fulica, popularmente conhecidos no Brasil como caramujos africanos, encontrados frequentemente em áreas próximas ao Rio do Carmo por conta do esgoto a céu aberto. E de acordo com a SAAE, a eliminação de ambientes propícios para a reprodução desses animais é um dos benefícios indiretos mais importantes para essa obra de saneamento.


O saneamento como política pública essencial


As obras de esgotamento sanitário em Mariana são um reflexo da importância do saneamento básico como política pública central para o desenvolvimento. Segundo o Censo 2022, a rede de esgoto no Brasil alcança cerca de 65% da população,  ou seja, o país ainda enfrenta um déficit significativo em relação à coleta e tratamento de esgoto, especialmente em cidades de pequeno e médio porte.

Em Mariana, a iniciativa representa um passo importante, mas também destaca a necessidade de continuidade e ampliação das políticas públicas. Segundo Remo Almeida, projetos como esses não devem ser vistos apenas como intervenções pontuais, mas como parte de uma estratégia mais ampla de promoção da saúde, preservação ambiental e redução das desigualdades.


#PraTodosVerem estruturas feitas de madeira à beira do Rio do Carmo, há moradias e uma escola ao redor, vegetação verde e água do rio com a cor marrom
Parte de um trecho das obras no Rio do Carmo | Foto: Arthur Xavier

Um futuro mais saudável para Mariana


Segundo Maria Helena dos Santos, atendente comercial de um estabelecimento localizado no Centro, que já mora a pouco mais de um ano em Mariana, afirma que os principais incômodos estão relacionados ao mau cheiro e lixo no entorno do rio, e também percebe uma falta de apoio e cobrança da população sobre a melhora do esgotamento sanitário na região.

Mas que, embora ainda em andamento, as obras de esgotamento sanitário já começam a redesenhar as expectativas dos moradores e comerciantes que possuem residências próximas ao Rio do Carmo. 


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